ESC Congress Paris 2019

Congresso Europeu de Cardiologia ESC 2019

O Congresso Europeu de Cardiologia – ESC 2019 – aconteceu no início do mês de setembro e trouxe várias notícias interessantes para os emergencistas.

Os primeiros dois dias do congresso tiveram sessões dedicadas à emergência.

No manejo de pacientes com doença cardiovascular no departamento de emergência foi discutido como o cardiologista e o emergencista podem trabalhar juntos com foco em maior benefício ao paciente.

Uma outra sessão foi dedicada à relato da experiência francesa frente a ataques terroristas.

Cinco guidelines foram apresentados no congresso, sendo dois de importância ao emergencista:

– embolia pulmonar aguda

– taquicardia supraventricular (que será objeto de novo post).

Novidades do guideline de embolia pulmonar ESC 2019:

https://www.escardio.org/Guidelines/Clinical-Practice-Guidelines/Acute-Pulmonary-Embolism-Diagnosis-and-Management-of

* Recomendação para ajustar o valor de corte do dímero D de acordo com a idade (Idade multiplicada por 10, quando maior que 50) ou então pelo algoritmo YEARS.

* * Algoritmo YEARS utiliza valor de corte de 1000ng/mL, exceto se tiver um dos seguintes: clínica de TVP, gravidez, hemoptise ou TEP for o diagnóstico mais provável.

* Uso de novos anticoagulantes orais como primeira opção.

* Maior clareza na definição de risco e gravidade do quadro.

* Edoxaban e rivaroxaban são alternativas à enoxaparina no TEP relacionado à câncer (exceto câncer gastrointestinal).

* Algoritmo dedicado a gravidez:

CTPA = angiografia pulmonar por tomografia computadorizada; CUS = ultrassonografia de compressão; DVT = trombose venosa profunda; LMWH = heparina de baixo peso molecular; PE = embolia pulmonar.

CTPA = angiografia pulmonar por tomografia computadorizada; CUS = ultrassonografia de compressão; DVT = trombose venosa profunda; LMWH = heparina de baixo peso molecular; PE = embolia pulmonar.

Algoritmo de avaliação diagnóstica e tratamento de suspeita de embolia pulmonar durante a gravidez e em até 6 semanas após o parto – notas:

  • Se a radiografia do tórax for anormal, considere também a causa alternativa dos sintomas no peito.
  • Trombose venosa profunda nas veias pélvicas não pode ser descartada pela US de compressão. Se a perna inteira estiver inchada ou houver dor nas nádegas ou outros sintomas sugestivos de trombose pélvica, considere a venografia por ressonância magnética para descartar a trombose venosa profunda.
  • A técnica de angiografia pulmonar por tomografia computadorizada deve garantir uma exposição muito baixa à radiação fetal.
  • Avalie o hemograma completo (para medir a hemoglobina e a contagem de plaquetas) e calcule a depuração da creatinina antes da administração de contraste. Avalie o risco de sangramento e garanta a ausência de contraindicações.

Outros assuntos ainda de destaque:

* A MINOCA, ou infarto agudo do miocárdio sem obstrução coronariana foi estudada dentro do estudo CURRENT-OASIS 7. Em pacientes com MINOCA, a dose dupla do clopidogrel triplicou o risco de morte cardiovascular, infarto e AVC comparado a pacientes com dose habitual de clopidogrel.

* Estudo ISAR-REACT 5 mostrou superioridade do prasugrel em relação ao ticagrelor. Esse estudo aberto, multicêntrico, em síndrome coronariana aguda com planejamento de estratégia invasiva, realizado na Alemanha e na Itália, randomizou 4018 pacientes para ticagrelor ou prasugrel. Se o paciente era randomizado para prasugrel, dependia do contexto clínico. Em paciente com infarto com supradesnivelamento do segmento ST, o prasugrel era oferecido logo após a randomização. Nos demais casos, era oferecido após o cateterismo. Se o paciente era randomizado para ticagrelor, a medicação era oferecida logo após a randomização. O estudo foi desenhado esperando a superioridade do ticagrelor, no entanto, o desfecho primário (IAM, morte e AVC em 12 meses) aconteceu menos com o prasugrel (6,3%) em comparação ao ticagrelor (9,3%) com p valor de 0,006. O componente do desfecho que fez diferença foi IAM.

* Estudo COMPLETE trouxe mais evidência para revascularização completa após infarto agudo do miocárdio multiarterial.

por Júlio Flávio Meirelles Marchini
E-mail: [email protected]